Área Esportiva por Rodrigo Manda
A entrevista de hoje é com uma das principais referências na área Esportiva, Rodrigo Manda é formado em Biomedicina pela UNESP, fez aprimoramento na área esportiva e atualmente concluiu seu Doutorado na área de Adaptações Metabólicas aos Estresse Oxidativo e Inflamatório na UNESP. E é Membro do Centro de Metabolismo em Exercício e Nutrição (CeMENutri) da Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP).
Vamos começar?
Thaís: Qual a atuação do biomédico no esporte?
Rodrigo: Acredito que essa seja uma pergunta de difícil resposta, uma vez que quando nos deparamos com as cerca de 35 áreas de atuação do biomédico, definidas pelo conselho federal de biomedicina, a área "biomedicina esportiva" não é contemplada. Mas acredito que o biomédico, como o próprio nome já diz como sendo um "profissional a serviço da saúde", não se restringe apenas a situações específicas de atuação. Quando nos referimos a saúde temos que muitos aspectos podem e devem ser levados em consideração. Na realidade, o que muda para a área esportiva na atuação do biomédico é o publico alvo do nosso trabalho. Dentro das áreas tradicionais de atuação do biomédico, podemos atuar com análises clínicas, bioquímica, fisiologia e até mesmo genética dentro da área esportiva. Recentemente vem crescendo exponencialmente pesquisas e trabalhos englobando essas áreas na preparação e melhora de rendimento de um atleta/esportista. Assim a atuação do biomédico no esporte pode ser interpretada como um profissional que atue nessas áreas supra citadas, mas que principalmente essa atuação seja realizada em ambiente multi profissional e inter disciplinar, para assim acrescentar o nosso conhecimento em prol da saúde e do desempenho do atleta.
T: Você sempre quis seguir essa área ou conheceu na graduação?
R: Assim como a maioria não conhece essa possível área de atuação, eu também não conhecia quando entrei na faculdade. Eu tinha como pretensão atuar na área da genética (por influência dos conceitos passados no colegial/cursinho pré vestibular e pela época em que prestei vestibular ser uma época de grande mídia do projeto genoma), porém na hora que conhecemos um pouco mais da prática, podemos saber com mais propriedade se realmente temos aptidão com tal área. E com a genética foi mais ou menos assim, não me identifiquei muito com a atuação restrita a essa área. Me graduei na Unesp/Botucatu, e aqui tive o privilégio de ter uma disciplina optativa oferecida a alunos da biomedicina, com o título de "Fisiologia do Exercício", a qual era coordenada pelo Professor Titular Roberto Carlos Burini, biomédico de formação. Por sempre ter afinidade e contato com práticas esportivas, me identifiquei na hora com a temática e me matriculei nessa disciplina. E hoje após 13 anos, aqui estou no centro de pesquisas que me acolheu e me deu a formação acadêmica para ser quem eu sou hoje como profissional.
T: Quais as maiores dificuldades que os biomédicos encontram em atuar nessa área?
R: As dificuldades nessa área eu acredito que sejam comuns a todas as outras. No âmbito da pesquisa, no Brasil infelizmente temos algumas limitações na parte de incentivos financeiros e até mesmo alguns entraves éticos para desenvolvimento de pesquisas mais aprofundadas em determinados pontos, diferentemente do que observamos no exterior. No âmbito de atuação de mercado, a dificuldade se dá pelo fato de que o profissional biomédico não consegue atuar sozinho nessa área, não consegue oferecer um serviço. Ele se faz importante dentro de uma equipe multiprofissional, sendo essa a melhor maneira de se trabalhar com atletas. A dificuldade existe no fato de serem poucos os centros e equipes que possuem essa abordagem no esporte.
T: Existem oportunidades nos EUA? E em outros países?
R:Quando pensamos na área de pesquisa, que acredito ser a forma mais fácil de intercâmbio e atuação no exterior, os estados unidos tem como concepção que a formação do aluno/profissional pode ser resumida as vezes como estudante/pesquisador. O que eu quero dizer com isso é que dentro da área de pesquisa, seja qual for a atuação do profissional, ele atuará dentro de um centro de pesquisa, em ciências do esporte por exemplo, e dentro desse centro irá aprender e exercer tarefas relativas as linhas de pesquisa. Assim o profissional irá acompanhar a rotina, a principio, e aos poucos ir atuando dentro da área específica de atuação. No caso do biomédico, a análise de marcadores sanguíneos, metabólicos ou genéticos por exemplo. Não conheço nenhum profissional que foi contratado para trabalhar no exterior nessa área, pois acredito que a melhor forma mesmo seja o vinculo a centros de pesquisa.
T: Qual conselho você daria para quem quisesse seguir a área de medicina esportiva?
R: Hoje o biomédico não consegue atuar sozinho na área esportiva, infelizmente. A sugestão que eu faria a quem tem interesse em atuar nessa área é buscar centros de pesquisa com linhas temáticas dentro desse assunto, com abordagens multi profissionais, pois na área esportiva, não tem como não atuar sem essa abordagem. A busca por esses centros de pesquisa se fundamenta inicialmente em poder vivencias pesquisas na área e aprender com outros profissionais, além do fato de que hoje em dia equipes e atletas vêm procurando bastante esses locais de referência para avaliações e testes na busca tanto de saúde como de melhoria de rendimento esportivo. O conselho final é sempre buscar fazer o que gostamos, pois assim nos empenhamos em ir atrás da realização pessoal e profissional. Acredito que em qualquer área, esse seja o caminho, e que os estudos são a base para que o caminho seja construído de forma robusta e duradoura.
E aí o que acharam? Já pensaram em trabalhar na área esportiva? Deixe suas opiniões nos comentários!